Universidade Federal De Pelotas
Polo: Sapucaia do Sul
Postagem dos alunos: Luciano B. Coiro, Michele von
Hohendorff, Otília Khaty Stiebe, Waldir Correia das Neves Junior e Fernanda
Barbosa Henrique.
1990 - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA)
Garante o direito à igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola, sendo o Ensino Fundamental obrigatório e gratuito (também aos que não tiveram acesso na idade própria); o respeito dos educadores; e atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular.
A pesquisa foi realizada na Escola
Municipal de Ensino Fundamental Castro Alves, localizada em São Leopoldo. A
instituição de ensino é a única escola, da rede pública municipal que atende
alunos surdos.
Atualmente, a escola possui dois
alunos surdos. Um dos alunos tem 11 anos e frequenta o 5º ano do turno da
tarde, está matriculado na escola desde o primeiro ano. Nunca frequentou outras
escolas especiais, e ainda não domina Libras, mas consegue se expressar com a
turma e com a professora. A supervisora escolar comentou que o aluno não
desenvolveu com maior rapidez a aquisição da Linguagem Brasileira de Sinais, em
função da família não aceitar muito bem a condição do filho, não o motivando a
aprender Libras na esperança que ele começasse a falar.
A professora titular da turma onde
este aluno estuda não possui formação especializada para trabalhar com alunos
surdos, mas a escola conta com uma interprete de Libras diariamente na sala de
aula. E a turma toda, uma vez por semana, tem aulas de Libras oferecidas pela intérprete.
A escola também conta com o auxilio
de uma professora especializada em dificuldades de aprendizagem e uma sala de
recursos equipada com computadores, jogos e recursos para auxiliar na
aprendizagem dos alunos surdos. Os alunos tem horário marcado na sala de
recursos no contra turno escolar.
Há muitos professores na instituição
que sabem a Língua Brasileira de Sinais. E a professora Tradutora/Intérprete dá
o suporte necessário aos professores interessados em aprenderem esta língua,
inclusive para os demais funcionários da escola: merendeiras, secretária
escolar, equipe diretiva.
O aluno surdo, matriculado no 5º ano
da escola, está bem adaptado e interage normalmente com a turma e as professoras.
Consegue se expressar e é compreendido. Inclusive a professora comentou que já
aprendeu bastante de Libras com seu aluno.
O outro aluno surdo, matriculado na
EJA da escola Castro, tem 16 anos e frequenta a Etapa I do ensino globalizado,
que corresponde aos quatro primeiros anos do ensino fundamental. Este aluno
domina Libras e também leitura labial, e aprendeu na escola onde estudou
anteriormente: Associação Vida Nova, que é uma escola especializada para alunos
com deficiências (http://vidanovasl.blogspot.com.br/p/a-entidade.html).
No turno da noite, na EJA, não há um
tradutor/intérprete de Libras, pois como o aluno domina a leitura labial, ele
consegue entender e ser entendido com certa facilidade, e também em função das
muitas faltas do aluno. Apesar de ainda não estar alfabetizado, apenas
conhecendo o alfabeto e escrevendo pequenas palavras, mais até por ter decorado
do que ter aprendido mesmo, o aluno não possui nenhuma deficiência cognitiva.
As professoras acreditam que a falta
de estímulos por parte da família foi fundamental para a não alfabetização do
aluno, já que o mesmo nunca foi motivado há frequentar um ano letivo completo.
E também, em razão do auxílio dado pelo governo pela surdez do adolescente, a
família não vê necessidade do mesmo saber ler e escrever, já que nunca irá
trabalhar mesmo, pois já possui uma renda.
A supervisora escolar comentou que a
família dos dois alunos possui baixo poder aquisitivo, inclusive o aluno do
turno da noite, durante o dia coleta garrafas plásticas e papelão para vender.
E, também, a falta de informações dos pais fez com que este estudante surdo não
desenvolvesse toda sua capacidade cognitiva.
Foi abordado também o preconceito
sofrido pelo adolescente da EJA. Acreditam que isso também faça com que ele
venha menos ainda às aulas. As professoras comentaram que adolescência já é uma
fase complicada por natureza, e que com um agravante e sem o apoio da família é
bem complicado.
Já o menino da tarde não sofre
preconceito, pois como ele sempre estudou naquela escola e a equipe diretiva se
preocupou em permanecer com os mesmos alunos na série seguinte para que o
menino surdo não tenha que passar por novas adaptações todo início de ano
letivo. Este aluno é bastante participativo das atividades da escola, como
filmes, teatro e cinema, sempre acompanhado da interprete que realiza a
tradução das atividades propostas.
A supervisora comentou que a
prefeitura disponibiliza a intérprete de Libras e a professora da sala de
recurso. Mas não oferece nenhum curso específico para as professoras que
trabalham com alunos com dificuldade e nem para os demais segmentos da escola.
A professora comentou que aprendeu o
básico de Libras na sua graduação em Pedagogia, mas que a realidade fez
perceber que aquelas poucas cadeiras na faculdade não correspondem à
necessidade real quando se tem um aluno surdo. E que foi buscar cursos
específicos por conta própria, por perceber a necessidade e importância dominar
Libras.
Concluímos com essa pesquisa, que a
prefeitura e a escola Castro Alves fazem sua parte, claro que poderiam fazer
mais... Mas não constatamos que os alunos surdos sejam tratados com indiferença
pela rede municipal de ensino da cidade de São Leopoldo.
Já ouvi falar dessa escola em São Leopoldo, e percebi pelo relato do grupo que muitas mudanças não acontecem na vida do aluno surdo, na maioria das vezes pela falta de apoio e iniciativa dos pais, oq leva um pai não incentivar seu filho a aprender libras para todos se comunicarem melhor? Acredito que não deve ser fácil ter um filho com essa deficiência auditiva, mas se é a realidade da família pq não melhorar e todos se adaptarem a essa realidade? não deve ser um caminho fácil de percorrer, mas seria mto melhor que essa criança/adolescente soubesse libras para facilitar sua vida de uma outra forma, já que não consegue ouvir/falar.
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ExcluirPois é, Vivi... Quando essa atividade foi proposta imaginávamos encontrar outra realidade: escolas sem recursos e despreparadas. Mas que feliz engano! A Escola Castro Alves demonstrou preocupação e empenho para o real desenvolvimento dos alunos surdos, contando também com o apoio do poder público que disponibiliza profissionais especializados para a evolução cognitiva destes alunos.
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ResponderExcluirOlá pessoal, viram como é importante conhecer a realidade para podermos fazer algum tipo de avaliação ! Que bom que os grupos estão trazendo realidades diferentes para que possamos debater. Nesse caso a interferência da sociedade e da família trazem outros aspectos para serem debatidos, como o preconceito e talvez até a falta de conecimento. Não só a falta de estrutura ou preparação atrapalha no processo de inclusão pelo que parece. Qual o posicionamento de vocês frente essas possibilidades? Abraço Taís
ResponderExcluirSem duvidas foi uma experiência muito rica realizar essa pesquisa. Minha opinião principalmente com essa pesquisa, é que a interferência da sociedade e da família, numa imposição seja positivamente ou negativamente ao longo do processo, possui um percentual como aspecto definidor para a vida social e escolar do aluno do que a falta de estrutura. Claro que ter ou não estrutura é um fator importante, porém mais facilmente solucionado do esses outros aspectos.
ExcluirConheci aqui em Porto Alegre o CMET Paulo Freire e a Escola Salomão, ambos referências em Libras e sem dúvida, a família é parte fundamental do processo e agente ativo da motivação do aluno. A postagem reforça esta questão e aborda outras também muito importantes como a inclusão entre elas. É uma realidade muitas vezes difícil.
ResponderExcluirÉ verdade Gisele, sem dúvida uma realidade muito difícil. Se sentir desconectado daquilo que se encontra ao seu redor principalmente devido a uma exclusão e não ao fato de ser surdo não deve ser nada fácil. Instituições que trabalham nesse intuito da inclusão são importantes e a família ainda mais, normalmente as pessoas não se importam tanto até terem alguém na família.
ResponderExcluirOlá Waldir, entendo que existe o fator "cada um deve fazer a sua parte", isso já ajuda bastante no processo, a família entender o que se passa, qual a realidade do seu familiar e buscar o que entender se mais adequado, a escola fazer o seu papel de inclusão (adequado, e não "de faz de conta") e poder público ou autoridades e poderes responsáveis fazer os investimentos necessários, tanto como estrutura como qualificação nas escolas. Porém acredito também que são os movimentos como este que estamos fazendo, vocês como educadores em formação, de questionar, debater, pesquisar que também ajudam nesse processo de melhorias e adequação do sistema.
ResponderExcluirÉ verdade professora, acredito que no momento em que os próprio educadores cobrarem mais do poder público, o processo de reivindicação pode ter algum efeito. Na verdade acredito em vários setores da sociedade envolvidos e cobrando melhorias. Os governos, independente de partido, se preocupam apenas com propaganda, se der visibilidade eles até fazem, com vários setores cobrando ao mesmo tempo as melhorias para uma inclusão verdadeira, pode surtir efeito. O que temos hoje na verdade são escolas sem as menores condições e professores sem o devido preparo. As medidas e melhorias que são para inclusão, não passam de pequenos arranjos e improvisos de adequação, muitas vezes realizadas pelas próprias escolas e sem suporte algum do setor público.
ExcluirBem pessoal, independentemente da situação e preparação das escolas, qual o posicionamento de vocês, enquanto educadores em formação, sobre a inclusão dos alunos surdos nas escolas regulares? Abraço Taís
ResponderExcluirEmbora as associações de surdos não concordem, elas preferem escolas especializadas para surdos; os alunos surdos devem ser incluídos na escola regular mas, as escolas deverão oferecer professores e funcionários capacitados para atender as necessidades do aluno surdo.
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ResponderExcluirA inclusão, do aluno especial na escola regular, propicia um convivo social deste com os demais colegas que não necessitam de um atendimento diferenciado. Este convívio pode trazer outros problemas como por exemplo o aluno sofrer bullying, será que os outros estudantes estão preparado para este convívio? Será que o aluno especial terá o aprendizado adequado em uma sala de aula regular? Estas perguntas me faço e não tendo preconceito a qualquer tipo de deficiência, acredito que a escola especial para alunos especiais tem o preparo físico e pedagógico necessários para os alunos especiais.
ResponderExcluirOlá Luciano, entendoos teus questionamentos, porém acredito que todo o movimento de inclusão que cada vez cresce mais é justamente para preparar a escola, os professores, os alunos, a sociedade para enfrentar uma situação, que acredito eu não deveria ser vista como algo "diferente", a inclusão deveria ser a situação mais "normal" possível, pois todos nós temos as nossas diferenças e "deficiências", concordas? E é por isso que em um curso de formação de professores, como o nosso, a preocupação é de cada vez mais trazer essa discussão com vocês? Como você, um professor lida com a situação de um aluno surdo ou com deficiência sem muitos recursos na escola? Abraço Taís
ResponderExcluirDesculpe prof. Taís. Como disse não tenho preconceito e quando me referi a atendimento diferenciado para aluno especial e não aluno diferente! Em relação a nós futuros educadores somente os estudos que temos no curriculum sobre inclusão é pouco, deveríamos no especializar para esta diversidade. Eu neste semestre iria começar um curso de LIBRAS que uma escola de meu município oferece, esta escola é especial para deficientes auditivos, infelizmente o eixo o estágio estão ocupando muito tempo para realizações a parte.
ExcluirAté breve.
Olá Luciano, entendi o teu posicionamento, as expressões que utilizei foram em relação ao que muitas pessoas pensam. Importante a tua participação. As interações de vocês são importantes para a contrução e desenvolvimento do blog. Abraço Taís
ResponderExcluirBoa tarde,
ResponderExcluirSou a tutora a distância de Libras – Rubia.
Parabéns pela realização da pesquisa e pelos comentários pertinentes.
A discussão sobre a educação inclusiva gera muitas polêmicas. De um lado o discurso politicamente correto de “todos pela inclusão”, de outro uma realidade que não atende as demandas da inclusão de surdos e de outro a comunidade surda “gritando” que quer uma educação bilíngue, que certamente não tem a mesma proposta das políticas educacionais do MEC para a educação de surdos. E se somando a tudo isso, instituições e profissionais que vem lutando para atender seus alunos da melhor forma possível dentro de suas condições.
Enfim, como agregar tudo isso e pensar em uma educação para surdos de qualidade. Lendo os comentários de vocês fiquei muito motivada e minha veia militante se incitou.
Gosto de pensar a educação inclusiva não em perspectiva de equidade como vigora a legislação brasileira, mas em uma perspectiva de alteridade. Apenas se colocando no lugar do outro é possível pensar em algo que atenda as suas necessidades, e ainda assim, esse processo não é totalmente contemplado. Pensando na educação de surdos, minhas vivências como ouvinte e tradutora/intérprete de Libras/Português são totalmente diferentes das experiências culturais e linguísticas de um sujeito surdo.
Faço este comentário, tocada pela bela discussão que vocês vêm desenvolvendo neste blog, pelas opiniões divergentes e convergentes. Acredito que para podermos contribuir para uma educação de surdos com qualidade é fundamental a exposição de pontos de vistas e analise dos mesmos.
Neste sentido, como já foi citado durante as postagens de vocês, o que ocorre para que muitas pessoas resistam ao aprendizado da Língua Brasileira de Sinais – Libras?
Abraço