domingo, 27 de outubro de 2013

Inclusão Sempre - Pesquisa na Escola Municipal de Ensino Fundamental Castro Alves


Universidade Federal De Pelotas

Polo: Sapucaia do Sul


Postagem dos alunos: Luciano B. Coiro, Michele von Hohendorff, Otília Khaty Stiebe, Waldir Correia das Neves Junior e Fernanda Barbosa Henrique.
 
 
 
1990 - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA)
Garante o direito à igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola, sendo o Ensino Fundamental obrigatório e gratuito (também aos que não tiveram acesso na idade própria); o respeito dos educadores; e atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular.





 

A pesquisa foi realizada na Escola Municipal de Ensino Fundamental Castro Alves, localizada em São Leopoldo. A instituição de ensino é a única escola, da rede pública municipal que atende alunos surdos.

 
Atualmente, a escola possui dois alunos surdos. Um dos alunos tem 11 anos e frequenta o 5º ano do turno da tarde, está matriculado na escola desde o primeiro ano. Nunca frequentou outras escolas especiais, e ainda não domina Libras, mas consegue se expressar com a turma e com a professora. A supervisora escolar comentou que o aluno não desenvolveu com maior rapidez a aquisição da Linguagem Brasileira de Sinais, em função da família não aceitar muito bem a condição do filho, não o motivando a aprender Libras na esperança que ele começasse a falar. 

A professora titular da turma onde este aluno estuda não possui formação especializada para trabalhar com alunos surdos, mas a escola conta com uma interprete de Libras diariamente na sala de aula. E a turma toda, uma vez por semana, tem aulas de Libras oferecidas pela intérprete.

A escola também conta com o auxilio de uma professora especializada em dificuldades de aprendizagem e uma sala de recursos equipada com computadores, jogos e recursos para auxiliar na aprendizagem dos alunos surdos. Os alunos tem horário marcado na sala de recursos no contra turno escolar.



Há muitos professores na instituição que sabem a Língua Brasileira de Sinais. E a professora Tradutora/Intérprete dá o suporte necessário aos professores interessados em aprenderem esta língua, inclusive para os demais funcionários da escola: merendeiras, secretária escolar, equipe diretiva.

O aluno surdo, matriculado no 5º ano da escola, está bem adaptado e interage normalmente com a turma e as professoras. Consegue se expressar e é compreendido. Inclusive a professora comentou que já aprendeu bastante de Libras com seu aluno.

O outro aluno surdo, matriculado na EJA da escola Castro, tem 16 anos e frequenta a Etapa I do ensino globalizado, que corresponde aos quatro primeiros anos do ensino fundamental. Este aluno domina Libras e também leitura labial, e aprendeu na escola onde estudou anteriormente: Associação Vida Nova, que é uma escola especializada para alunos com deficiências (http://vidanovasl.blogspot.com.br/p/a-entidade.html).

No turno da noite, na EJA, não há um tradutor/intérprete de Libras, pois como o aluno domina a leitura labial, ele consegue entender e ser entendido com certa facilidade, e também em função das muitas faltas do aluno. Apesar de ainda não estar alfabetizado, apenas conhecendo o alfabeto e escrevendo pequenas palavras, mais até por ter decorado do que ter aprendido mesmo, o aluno não possui nenhuma deficiência cognitiva.

As professoras acreditam que a falta de estímulos por parte da família foi fundamental para a não alfabetização do aluno, já que o mesmo nunca foi motivado há frequentar um ano letivo completo. E também, em razão do auxílio dado pelo governo pela surdez do adolescente, a família não vê necessidade do mesmo saber ler e escrever, já que nunca irá trabalhar mesmo, pois já possui uma renda.

A supervisora escolar comentou que a família dos dois alunos possui baixo poder aquisitivo, inclusive o aluno do turno da noite, durante o dia coleta garrafas plásticas e papelão para vender. E, também, a falta de informações dos pais fez com que este estudante surdo não desenvolvesse toda sua capacidade cognitiva.


Foi abordado também o preconceito sofrido pelo adolescente da EJA. Acreditam que isso também faça com que ele venha menos ainda às aulas. As professoras comentaram que adolescência já é uma fase complicada por natureza, e que com um agravante e sem o apoio da família é bem complicado.

Já o menino da tarde não sofre preconceito, pois como ele sempre estudou naquela escola e a equipe diretiva se preocupou em permanecer com os mesmos alunos na série seguinte para que o menino surdo não tenha que passar por novas adaptações todo início de ano letivo. Este aluno é bastante participativo das atividades da escola, como filmes, teatro e cinema, sempre acompanhado da interprete que realiza a tradução das atividades propostas.

A supervisora comentou que a prefeitura disponibiliza a intérprete de Libras e a professora da sala de recurso. Mas não oferece nenhum curso específico para as professoras que trabalham com alunos com dificuldade e nem para os demais segmentos da escola.

A professora comentou que aprendeu o básico de Libras na sua graduação em Pedagogia, mas que a realidade fez perceber que aquelas poucas cadeiras na faculdade não correspondem à necessidade real quando se tem um aluno surdo. E que foi buscar cursos específicos por conta própria, por perceber a necessidade e importância dominar Libras.

Concluímos com essa pesquisa, que a prefeitura e a escola Castro Alves fazem sua parte, claro que poderiam fazer mais... Mas não constatamos que os alunos surdos sejam tratados com indiferença pela rede municipal de ensino da cidade de São Leopoldo.
 



 

Inclusão do Aluno Surdo no Ambiente Escolar .

  Escola de Surdos Bilíngüe






Salomão Watnick 



1.  Nesta região as escolas tem inclusão de alunos surdos? Ou há escolas com atendimento específico para surdos? Ou outras instituições prestam este atendimento?



Sim, em Porto Alegre, teoricamente todas as escolas regulares devem estar aptas para receberem alunos surdos. Há também instituições, como a Escola de Surdos Bilingue Salomão Wartnick, que atendem especificamente alunos surdos.


2.    Quantos alunos surdos estudam nesta instituição? Qual é tipo de surdez (Surdo, Deficiente Auditivo ou Surdo Oralizado)?
 A Escola oferece o Ensino Fundamental para crianças surdas de 6 à 14 anos (1º e 2º ciclo) e Serviço de Educação Precoce (EP) direcionado a crianças de zero à 3 anos e Psicopedagogia Inicial (PI) de 3 a 5 anos. Oferece também aulas de Libras aos pais e responsáveis pelos alunos.
O Processo de ensino-aprendizagem na Escola é bilingue, ou seja, a Libras (Língua Brasileira de Sinais) é a língua de instrução e a Língua Portuguesa está presente na sua forma escrita. 


TIPOS DE SURDEZ DOS ALUNOS QUE ESTUDAM NA INSTITUIÇÃO SALOMÃO WATNICK



Todos os alunos que estudam na instituição são surdos.

Os tipos de surdez dos alunos da escola são variados. Segundo o banco de dados escolar há os três tipos de surdez entre os alunos. Surdez de transmissão ou de condução: é quando existe uma lesão do ouvido externo ou médio, que impede a transmissão das ondas sonoras. Neste caso existe uma situação de audição reduzida.

* Surdez de recepção ou neurossensorial: é quando existem lesões do ouvido interno ou do nervo auditivo que transmite o impulso ao cérebro. A transmissão das vibrações sonoras é feita normalmente, mas a sua transformação em percepção auditiva está perturbada. Existe assim, uma dificuldade na identificação e integração da mensagem.

* Surdez mista: é quando existe, ao mesmo tempo, uma lesão do aparelho de transmissão e de recepção.



3.    Estes alunos sabem a Língua Brasileira de Sinais - Libras? Onde aprenderam?
O nível de aquisição lingüística dos alunos da escola é bem disforme. Muitos alunos são filhos de pais surdos, e já chegam na escola com o domínio de sua língua materna, o que facilita na alfabetização e aprendizado dos diversos conteúdos a serem cumpridos segundo normas dos PCNs. Há alunos, que chegam na escola sem o domínio da LIBRAS ou da língua portuguesa, geralmente estes alunos são filhos de pais ouvintes que desconhecem a LIBRAS e negam a condição do filho de sujeito surdo. Um outro grupo, adquiriu o conhecimento da língua através do contato com outros surdos.


4.   Na sala de aula, o aluno surdo tem o profissional Tradutor/Intérprete de Língua Brasileira de Sinais - Libras? Ou outros tipos de profissionais?
Na escola Salomão Wainick, todos os professores são fluentes nas LIBRAS, possuem curso de tradutor intérprete e/ou possuem o título de proficiência do PROLIBRAS.


5.      Há professores nesta instituição que sabem a Língua Brasileira de Sinais - Libras?
        Idem questão 4.


6.    Após este levantamento o grupo deve analisar a situação da inclusão do surdo nas escolas da região levando em consideração questionamentos como: O poder público tem garantido condições de acesso e aprendizagem aos alunos surdos? Como a comunidade (família, escola, ONGs, entidades religiosas) atua para amparar o surdo na região/cidade? Os professores estão preparado para atender alunos surdos?

 a) Atualmente o Brasil encontra-se em fase de implantação de alguns modelos educacionais de orientação bilíngüe. Considerando a proposta bilíngüe para surdos, Skliar (1997, p.144) “defende que o objetivo do modelo bilíngüe é criar uma identidade bi-cultural, pois permite à criança surda desenvolver suas potencialidades dentro da cultura surda e aproximar-se, através dela, à cultura ouvinte. Defende-se que o atual processo educacional dos surdos deve ser visto sob a perspectiva do direito de igualdade de oportunidades expresso na Constituição Federal, nos artigos 205, 208, na Declaração de Salamanca, na LDB nº 9394/96, bem como nas Leis de acessibilidade nº 10.172/01 e 10.098/00, nas Leis Estadual e Federal nº 10.379/91 e 10.436/02, respectivamente, que instituem a Libras como língua oficial da comunidade surda, e no Decreto 5.626/05 que regulamenta o artigo 18 da Lei 10.098/00 e a Lei 10.436/02. “
A partir de orientações legais, as escolas brasileiras passaram a adotar a Libras e, inclusive, acrescentá-la em seus currículos como disciplina. É importante destacar também que, no primeiro momento de aplicação da proposta de “educação inclusiva”, prevaleceram as chamadas turmas mistas, compostas por alguns surdos em meio à maioria ouvinte.. Vale ressaltar que há várias formas de bilingüismo, bem como de oralismo, aplicadas atualmente à escolarização dos surdos. Pode-se afirmar, segundo Quadros (2004), “que uma educação de caráter bilíngüe implica necessariamente a utilização de duas línguas separadamente dentro da escola. Isso quer dizer que uma educação com bilingüismo reconhece que o surdo está inserido num contexto bilíngüe, imerso, no caso do brasileiro, pela Libras e pela LP. Portanto, uma educação bilíngüe de surdos seria aquela que supera a simples utilização de duas línguas em momentos diferentes dentro da escola, ou seja, vai além da imposição da língua majoritária ouvinte com sua carga cultural em detrimento da língua natural dos surdos, a qual é vista somente como um instrumento, um meio para se ensinar a língua majoritária, o português. As diferenças que podem ser observadas nos projetos de escolarização bilíngüe de surdos conduzem à questão do caráter sócio-lingüístico-cultural e pedagógico dessas propostas. A atual proposta bilíngüe para surdos aceitaria a LS em si mesma e o surdo como “Surdo” ou reproduziria veladamente um modelo oralista sob o termo de Bilingüismo. Em outras palavras, a atual proposta de educação bilíngüe, aplicada no processo de escolarização dos surdos, utiliza a LS como simples meio de ensinar a LP – aludindo às capacidades dos sujeitos de aprender duas ou mais línguas – ou, ao contrário, valoriza a LS em si mesma como língua natural dos surdos – referindo-se à aceitação pedagógica da diferença de um grupo minoritário que tem o direito de ser educado em sua própria língua? A criação de uma sala de aula ou de uma escola que seja bilíngüe, com a presença da LP e da LS no processo educacional, não quer dizer, necessariamente, que o processo educacional se respalda num projeto educacional bilíngüe, o qual, ao considerar o indivíduo surdo em sua totalidade, pressupõe uma profunda mudança nas organizações, conceitos, diretrizes, metodologias, posturas e concepções educacionais.”

b) No ambiente familiar da criança surda, o sentimento de despreparo da maioria das famílias para lidarem com a surdez e o pouco interesse de aprenderem a língua de sinais com o filho, a falta de utilização de uma mesma língua com esse indivíduo,levam a baixa qualidade de comunicação entre os membros das famílias. A maioria das mães fica com a responsabilidade de cuidar do filho deficiente e de lidar com as situações-problema, gerando estresse e sobrecarga das mesmas pela falta de uma estrutura de apoio.
Em relação à comunicação, para os pais, a falta do conhecimento da Libras é evidente.

c) Os professores estão preparado para atender alunos surdos?
Nem todos.
   



DICAS:
LIBRAS - Alfabeto:

 Link Dicionário da Língua Brasileira de Sinais
 Grupo de trabalho: Ana Lucia Lima, Daniela Pacheco da Silva, Dóris Apolonia Russo,  Jorge Roberto Santos Miranda, Paulo Fernando Soares e    Fernando dos Santos.
 

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Inclusão na Escola E.M.E.F. JÚLIO STRÖHER


Nosso grupo realizou a entrevista, junto a escola Júlio Ströer em Sapucaia do Sul, com a professora que atende um aluno com problemas auditivos, o qual possui surdez moderada.

No município também temos  uma escola de referencia que é a escola polo Bilingue E.M.E.F Prefeito João Freitas Filho.

Na escola há somente este aluno com deficiência auditiva e o mesmo teve sua iniciação na língua brasileira de sinais na escola polo Bilingue E.M.E.F Prefeito João Freitas Filho, onde o mesmo o continua frequentando três vezes por semana em turno inverso a sala de recursos, que é o local onde o aluno tem recursos e atividades para trabalhar e desenvolver com maior destreza as dificuldades do dia-a-dia.

Até 2012 o aluno tinha um professor auxiliar que possuía curso de libras avançado que o auxiliava nas atividades. Em 2013 o aluno foi para uma turma em que a professora titular tinha o curso de libras para facilitar o entendimento desse aluno.

Na Escola Júlio Ströer há três professores que conhecem a língua brasileira de sinais, pois a Prefeitura proporcionou aos professores curso de Libras em três módulos, gratuito, para os professores da rede municipal.

A proposta da Escola Bilíngue  EMEF Prefeito João Freitas Filho não é privilegiar os alunos surdos ou os alunos ouvintes, mas sim potencializar ações que inter-relacionem as duas culturas.

Como ocorre?
Escola Bilíngue para Surdos: Com o auxílio de professores surdos e intérpretes, os estudantes surdos participam das aulas regulares com alunos ouvintes, e no turno inverso, recebem atendimento educacional especializado didático em Libras, de Libras e de língua portuguesa escrita. Os demais professores e alunos ouvintes da escola também participam de oficinas onde aprendem Libras e sobre a cultura surda.
O espaço físico também é organizado para facilitar a comunicação e entre surdos e ouvintes. Nas salas de aula, os estudantes sentam em círculo, para que os alunos surdos possam perceber o que está ocorrendo no espaço. Todas as salas da instituição são identificadas com sinais de Libras.
 
 Libras é a garantia do pleno desenvolvimento do aluno surdo, pois é a sua forma de comunicar-se e interagir com o mundo, é a maneira de garantir sua identidade, sua cultura e seu espaço na sociedade. Para o surdo, libras se da de forma assistemática, ou seja de  maneira natural, espontânea  sendo  sua  primeira língua (língua materna) o que facilitara o  processo de alfabetização em português.
Acredito que a implantação do bilinguismo nas escolas seja uma perspectiva aditiva, só venha a acrescentar, pois aprender  mais línguas tanto no campo cognitivo, social e cultural estimula os alunos  a conhecerem e principalmente respeitarem o  diferente.

“Olho do  mesmo modo com que poderia escutar. Meus olhos são meus ouvidos. Escrevo do mesmo modo que me exprimo por sinais. Minhas mãos  são bilíngues. 
                                                                                                    (Emmanuelle Laborit, 1994)

Postamos juntamente com este relato sobre a inclusão do aluno surdo no âmbito escolar, fotos da turma em que este aluno foi inserido, para que possamos perceber que não há diferenças e o aluno é super bem recebido e participa ativamente com toda a turma normalmente.


Grupo de trabalho: Abrahão, Daiane, Henrique, Marlon e Viviane